SOBRE

Catherine Ferraz explora as fronteiras entre fotografia e pintura.

Após uma trajetória marcante na fotografia editorial, hoje ela mergulha em seus arquivos para dar uma outra vida às suas imagens.

Sua prática inscreve suas obras no movimento fecundo da foto-pintura.

"Sou uma fotógrafa que se expressa através da pintura.


Fotógrafa profissional, concilio em paralelo um trabalho de arte conceitual. A pintura é uma extensão do meu trabalho artístico."

Processo artístico

A fotografia é parte essencial do meu processo artístico.

Resgato cenas narrativas capturadas ao longo da minha carreira para compor series temáticas, que então se transformam em pinturas.

É através da pintura que as minhas imagens - originalmente efêmeras - ganham uma segunda vida.

A escolha da tinta - óleo, aquarela ou acrílica - depende da imagem selecionada e da poética que desejo transmitir.

Texto Lou Blitz. 2025.

“Deixei há pouco o ateliê da artista Catherine Ferraz, sobre quem me propus a escrever para um artigo que investiga a fotografia como ponto de partida para a pintura.

Caminho alguns metros e encontro, na mesma calçada, uma pequena mesa de café — bem oportuna — para me sentar e, sem demora, anotar no caderninho minhas impressões ainda frescas.

Uma vez sentado, ofereço o rosto ao sol, fecho os olhos e mergulho de volta no universo de Catherine, tomado pelas múltiplas cores chapadas que animam seus personagens fotografados ao longo de uma trajetória sólida na fotografia editorial.

Após colaborar com diversas revistas para as quais produziu editoriais, Catherine sentiu um desejo profundo de resgatar de seus arquivos séries de fotos — originalmente concebidas como efêmeras — e trazê-las de volta à vida sob a ponta de seus pincéis.

Uma maneira sensível de homenagear sua própria obra, conferindo-lhe outra vida, outra pele.

O estilo fotográfico de Catherine é reconhecível não apenas por sua luz solar, que desenha nitidamente as figuras captadas de perto, mas também por um olhar que nunca se contenta com o óbvio: sempre há um detalhe, um sinal de alegria que desloca a cena real e a transporta para um lugar mais imaginário — como se abrisse, de repente, uma janela para o pensamento, para o sorriso…

É filosofico e é físico: o modo como olhamos para as coisas altera a realidade delas.

Catherine olha com a serenidade de um Louis Armstrong cantando I see skies of blue and clouds of white… and I think to myself, what a wonderful world!

Em suas mãos, as fotografias literalmente ressuscitam. As cores francas da pintura ressaltam o equilíbrio das composições e impregnaram as imagens com uma atmosfera que roça um realismo impressionista. As paredes do ateliê da artista estão tomadas até a borda por suas obras; elas estão por toda parte. Os maiores se erguem firmes nas paredes, enquanto os médios e pequenos se deitam em camadas, repousando em pilhas ou espalhados sobre as mesas de trabalho.

Deixei o ateliê de Catherine tocado de perto por esse espírito de reconciliação entre a pintura e a fotografia, um diálogo fértil que nos acompanha desde o encontro delas nas mãos de artistas inscritos na historia da arte; artistas como, atualmente, Gerhard Richter e as suas foto-pinturas expostas na fundação Louis Vuitton (2025)”.

EU PREFIRO SER LOUCO, PREFIRO TER O LUXO DE ERRAR.

EU GOSTO DESSE LUXO.

ESSA É A MINHA LIBERDADE.

É PODER ERRAR, DE NOVO.

NÃO DIGO QUE FICO FELIZ DA VIDA QUANDO ERRO,

MAS ASSUMO ESSE RISCO.

EU SUFOCARIA SE NÃO O ASSUMISSE.

SE EU NÃO TIVESSE IDO ATÉ O FIM DESSE ERRO,

ATÉ O FIM DESSE DESEJO, ATÉ O FIM DESSA LIBERDADE,

SERIA COMO UMA DAS RUAS DA MINHA VIDA ONDE EU NUNCA TERIA IDO ATÉ O FIM, E EU MORRERIA IMBECIL DAQUI A DEZ ANOS SEM SABER SE ERA UMA RUA OU UM BECO SEM SAÍDA.

ENTÃO EU PREFIRO IR ATÉ O FIM.

MUITAS VEZES SÃO BECOS SEM SAÍDA. MAS EU PREFIRO IR VER.

Jacques Brel

https://www.instagram.com/reel/DO3tQvxiGh-/?igsh=MTNwOG1mZnh1ODNyMg==

JE PREFERE ETRE FOU, JE PREFERE AVOIR LE LUXE DE ME TROMPER

J’AIME BIEN CE LUXE, LÀ

C’EST ÇA MA LIBERTE

C’EST POUVOIR SE TROMPER, ENCORE

JE NE DIS PAS QUE JE SUIS FOU DE JOIE QUAND JE ME TROMPE

MAIS JE PRENDS CE RISQUE

J’ETOUFFERAIS SI JE NE LE PRENAIS PAS

SI JE N’AVAIS PAS ETE AU BOUT DE CETTE FAUTE

AU BOUT DE CETTE ENVIE,  AU BOUT DE CETTE LIBERTE,

CELA FERAIT UNE DES RUES DE MA VIE  OU JE N’AURAIS JAMAIS ETE JUSQU’AU BOUT , ET JE MOURRAIS IMBECILE DANS DE 10 ANS SANS SAVOIR SI C’EST UNE RUE OU UNE IMPASSE.

ALORS JE PREFERE ALLER AU BOUT.

CE SONT TRES SOUVENT DES IMPASSES. MAIS JE PREFERE ALLER VOIR.

Jacques Brel

https://www.instagram.com/reel/DO3tQvxiGh-/?igsh=MTNwOG1mZnh1ODNyMg==